Câmara Municipal de Lauro de Freitas enfrenta uma das piores crises de credibilidade dos últimos anos.

   A câmara Municipal de Lauro de Freitas deixou de ser símbolo de representação democrática para se tornar, com frequência, palco de escândalos, ofensas públicas, tumultos e episódios de violência política. O ambiente institucional da Casa Legislativa vem sofrendo um processo progressivo de desgaste, que fragiliza não apenas os mandatos individuais, mas o papel do legislativo como um todo perante a sociedade.

    Conflitos recorrentes entre parlamentares, trocas de acusações, agressões físicas e verbais em plenário, protestos, vazamentos de vídeos e denúncias por violência de gênero se tornaram parte do noticiário local com uma frequência alarmante. Em vez de debates produtivos e ações legislativas consistentes, a imagem que se consolidou foi a de um espaço dominado pela desordem e pelo personalismo.

    Esse foi, inclusive, um dos grandes desafios enfrentados pela ex-presidente da Câmara, Naide Brito, que passou boa parte da sua gestão tentando conter os excessos e restaurar a ordem na Casa. Ainda assim, episódios como agressões verbais à prefeita Moema Gramacho, ofensas contra mulheres parlamentares, acusações infundadas, e até mesmo o vazamento de imagens íntimas de vereadoras mancharam a reputação do parlamento municipal.

   Agora, o desafio está nas mãos do atual presidente, o vereador Juca, que assumiu a presidência da Casa no início deste ano. O que torna sua missão ainda mais delicada é o fato de que parte dos responsáveis pela escalada de conflitos faziam parte de seu próprio grupo político durante a legislatura anterior, quando atuavam como oposição ao governo municipal. Em outras palavras: para recuperar a credibilidade da Câmara, Juca terá que enfrentar aliados e cortar na própria carne.

   O  caso mais recente, envolvendo a vereadora Luciana Tavares, Decinho e o vereador Gabriel Bandarra (Tenóbio), evidencia o quanto a instituição segue fragilizada. Bandarra acusa Luciana de agressão física, em mais um episódio que ganha contornos de embate pessoal e político, enquanto a população assiste à repetição de um roteiro já conhecido: briga, denúncia, manchete negativa e ausência de consequências duradouras.

    Para além das disputas individuais, o desgaste da Câmara impacta diretamente a relação entre os vereadores e a sociedade civil. O que se espera de um parlamento é a produção de leis, fiscalização do Executivo, promoção de debates relevantes e a defesa do interesse coletivo. Mas em Lauro de Freitas, o que tem se visto é um desvio constante desse propósito, com parlamentares muitas vezes mais comprometidos com embates egóicos do que com o bem público.

    Caberá a Juca, como presidente, o papel de reposicionar a Câmara com coragem institucional e compromisso com a transparência. Isso significa adotar medidas duras contra práticas abusivas, criar protocolos de convivência política, garantir proteção contra violência de gênero e restabelecer a liturgia do cargo para todos os vereadores, independentemente de afinidade política.

    A população de Lauro de Freitas não espera perfeição mas exige respeito, seriedade e compromisso com a democracia. A Câmara não pode mais ser associada ao caos, ao espetáculo vulgar e ao despreparo. O momento exige maturidade, firmeza e, acima de tudo, a capacidade de se colocar acima das disputas miúdas em nome do interesse coletivo.

    Resta saber se o novo presidente terá força política, apoio interno e independência para conduzir essa virada mesmo quando ela implicar enfrentar os próprios companheiros de trajetória política.

FONTE: Bahia jornal

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